Como controlar a ansiedade e manter a autoestima se diariamente somos bombardeados pela mensagem de que uma pessoa só é socialmente aceita e bem-sucedida se, além de inteligente e talentosa, ela for fisicamente magra?
Essa pressão social para que todos enquadrem-se em um padrão de beleza, pode desencadear sintomas de ansiedade e depressão em algumas pessoas, especialmente as que sofrem de obesidade – uma doença considerada epidemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que afeta pessoas de todos os níveis socioeconômicos. A doença representa um alto fator de risco para aparecimento de outras doenças (comorbidades) que podem levar à obesidade mórbida, ou seja, aquela que pode causar a morte do indivíduo.
Ansiedade tem cura
A compulsão alimentar, ou seja, comer mesmo sem fome e de forma exagerada, e a depressão (transtorno mental caracterizado principalmente por uma tristeza profunda e duradoura) são, na maioria dos casos de pacientes obesos, manifestações clínicas de um distúrbio de ansiedade e/ou afetivo.
Um artigo publicado na Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões1 demonstrou que aproximadamente 15 a 30% dos pacientes que se candidatam à cirurgia bariátrica e metabólica apresentam risco mais elevado de desenvolver sintomas de ansiedade e depressão do que a população geral e que a cirurgia bariátrica pode levar à redução significante de tais sintomas.
Daí a importância do acompanhamento psicológico e também psiquiátrico de candidatos e pacientes bariátricos tanto no pré como no pós-cirúrgico, para que com base na história de vida do paciente e sua relação com a comida, se possa avaliar o grau de sofrimento que o excesso de peso traz para o seu dia-a-dia, permitindo alinhar as expectativas sobre os resultados da cirurgia.
Esse acompanhamento deve ser feito por equipe multidisciplinar formada por profissionais experientes e especializados em obesidade e cirurgia bariátrica metabólica. Dentro da equipe, psicólogos, psiquiatras e nutricionistas têm papéis muito importantes, pois são quem irão diretamente atuar no tratamento da ansiedade.
Na prática, o paciente passará por avaliações e entrevistas que auxiliarão no diagnóstico e tratamento de eventuais problemas psíquicos, que deverão ser acompanhados por meio de consultas com o psiquiatra – que poderá ou não indicar o uso de medicamentos (antidepressivos), e sessões de psicoterapia (consultas regulares nas quais as questões psicológicas e comportamentais são tratadas mais profundamente).
Não há um consenso, mas há estudos que mostram que pequena parcela de pacientes, independentemente do sucesso da cirurgia bariátrica e metabólica, passa a apresentar distúrbios como abuso de álcool e drogas, compulsão por compras, além de crises depressivas após o tratamento cirúrgico. Em relação à depressão pós-bariátrica, ainda não se sabe se é desencadeada pela cirurgia (como resultado de deficiência de vitaminas ou de alterações metabólicas decorrentes da perda de peso), ou por fatores psicológicos de ajuste ao novo corpo, ou por ambos, ou ainda por outros motivos.
Portanto, ao pensar em fazer uma cirurgia para redução de peso, busque um profissional médico experiente e que trabalhe com uma equipe multidisciplinar especializada.
Referências:
Tae, B. et al., 2014. O impacto da cirurgia bariátrica nos sintomas depressivos e ansiosos, comportamento bulímico e na qualidade de vida. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, 41(3), pp. 155-160.
Por que é necessário acompanhamento psiquiátrico/psicológico no tratamento bariátrico da obesidade? Portal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).