A expectativa de vida da população brasileira aumentou na última década e com ela aumentou também o número de idosos obesos. Um levantamento feito no ambulatório de cirurgia bariátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP)1 mostrou que 13,5% dos pacientes que esperavam pela cirurgia tinham 60 anos ou mais (média de 65 anos) e apresentavam, em média, três comorbidades.
A obesidade é uma doença crônica controlável e os idosos com obesidade mórbida também estão sujeitos às diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde (MS) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre quem pode fazer a cirurgia bariátrica e metabólica, ou seja, têm que apresentar IMC (Índice de massa corpórea) igual ou maior que 40kg/m²) ou igual ou maior que 35kg/m², desde que apresentem comorbidades como pressão alta, diabetes tipo 2, dislipidemias (colesterol/ triglicérides altos), apneia do sono, doenças ortopédicas, doenças, doença do refluxo gastresofágico, incontinência urinária, infertilidade, entre outras.
Apesar de não haver um limite de idade, os riscos de complicações pós-cirúrgicas são menores e a recuperação da cirurgia bariátrica é melhor se a operação for feita até os 65 anos de idade.
Depois dessa idade, os riscos aumentam porque, no caso de uma complicação, a defesa do organismo da pessoa na terceira idade é um pouco menor do que a de um jovem. Além disso, o paciente idoso já tem uma tendência natural à perda de massa magra (ou musculatura) e com o emagrecimento pós-bariátrica essa perda pode se dar de forma mais acentuada, sendo imprescindível o acompanhamento nutricional e a introdução de suplementos vitamínicos e minerais para prevenir a sarcopenia (perda da força muscular).
Por isso, é muito importante compreender que o tratamento cirúrgico é uma alternativa eficaz para o paciente que quer perder e controlar o excesso de peso, contribuindo para a sua melhor qualidade de vida e redução significativa do risco de morte. Entretanto, como qualquer outra cirurgia, apresenta riscos e provocará modificações definitivas no aparelho digestivo.
Referências:
Pajecki, D. & Santo, A., 2012. Cirurgia bariátrica no idoso: um novo paradigma. Revista da ABESO, Volume 57, p. 7.