Você sabia que a obesidade facilita o aparecimento do ronco e dos chamados distúrbios respiratórios como a apneia do sono?
É que o excesso de gordura pode comprimir a garganta e tornar a respiração mais difícil, principalmente durante o sono, quando o corpo está relaxado e o estímulo do cérebro para respirar diminui.
Essa obstrução das vias aéreas pode provocar pausas respiratórias durante o sono, ou seja, a pessoa fica sem respirar por cerca de 10 segundos ou mais, provocando uma queda nos níveis de oxigênio no sangue. Quando essas pausas ultrapassam a frequência de cinco por hora, diz-se que a pessoa é portadora da síndrome da apneia-hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS).
Um estudo feito por pesquisadores do serviço de Pneumologia da PUC do Rio Grande do Sul, revelou que a prevalência da apneia em pacientes com obesidade mórbida é de aproximadamente 70%.
Apesar da maioria dos pacientes com apneia apresentarem roncos, nem todos os pacientes que roncam têm apneia. Por isso, o diagnóstico é realizado através da polissonografia, um exame que faz o registro completo da atividade elétrica cerebral, da respiração e de sinais indicativos de relaxamento muscular, movimentos oculares, oxigenação sanguínea e batimento cardíaco durante o sono. Ele permite, inclusive, classificar o grau da apneia: leve (entre 5 e 15 eventos/hora), moderada (entre 15 e 30 eventos/hora) e grave (acima de 30 eventos/hora).
O tratamento padrão para fazer com que o portador de apneia – de moderada a grave, pare de roncar é o uso do CPAP, uma máscara que é ajustada ao rosto do paciente na hora de dormir e que gera uma pressão positiva na via aérea, permitindo a sua abertura e, por conseguinte, a passagem do fluxo de ar.
A cirurgia bariátrica e metabólica também tem se apresentado como um tratamento eficaz para a melhoria da síndrome de apneia obstrutiva do sono em pacientes com obesidade mórbida1.
Pesquisadores do Grupo de Obesidade Interdisciplinar da Universidade do Sul da Flórida (Tampa – EUA) avaliaram 349 candidatos à cirurgia bariátrica que sofriam de apneia obstrutiva do sono. Antes e depois da operação, os pacientes foram submetidos à polissonografia. Os resultados comparativos dos exames também mostraram que a perda de peso resultante da cirurgia bariátrica melhorou significativamente a apnéia, bem como, os parâmetros de qualidade do sono.
Entretanto, pelo menos, 45% dos pacientes permanecem apneicos mesmo depois da cirurgia. Por isso, é muito importante que, uma vez diagnosticada a apneia do sono no pré-operatório e, sendo necessário o uso do CPAP, o paciente realmente utilize esse recurso para minimizar possíveis riscos pós-operatórios, além de permitir maior controle glicêmico e pressórico e melhora na troca gasosa.
O acompanhamento por um fisioterapeuta, inclusive, na sala de recuperação pós-anestésica, também é recomendável. Este profissional pode auxiliar na instalação do CPAP logo após a extubação, momento em que pode haver maior prejuízo nas trocas gasosas, além de acompanhar o paciente até a alta hospitalar, contribuindo para a prevenção de complicações respiratórias pós-operatórias.