Obesidade infantil: como tratar agora para evitar problemas no futuro

Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo mostrou que o sobrepeso atinge mais de 30% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade e cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos.

Estes dados preocupam ainda mais quando associados aos resultados de um estudo desenvolvido por pesquisadores do King’s College London e publicado no Journal of the Endocrine Society.

A pesquisa liderada por Ali Abbasi, médico da divisão Pesquisa de Saúde e Assistência Social do King’s College, revelou que crianças obesas têm um risco quatro vezes maior de desenvolver diabetes tipo 2 do que as que apresentam índice de massa corporal (IMC) normal.  Foram avaliados dados como medidas do IMC e registros de diagnóstico de diabetes de 369.362 crianças, com idades entre 2 e 15 anos, entre 1994 e 2013. Destas, 654 foram diagnosticados com diabetes tipo 2.

Por causa do ritmo de vida acelerado das grandes cidades, as pessoas deixaram de fazer as refeições em casa e passaram a optar por alimentos processados ou industrializados, que são mais práticos, rápidos e, consequentemente, mais calóricos. E isso se refletiu também na alimentação dos pequenos, que passaram a ficar horas em frente à televisão ou ao computador, e a substituírem o consumo de frutas e legumes por lanches de fast foods que são ricos em açúcares e gorduras, e, portanto, com grande valor calórico.

Crianças obesas podem desenvolver baixa autoestima, ansiedade, depressão, isolamento social, transtornos alimentares, além de se tornarem alvos de bullying. Além disso, a grande maioria das crianças e adolescentes obesos acabam se tornando adultos obesos, em muitos casos com obesidade mórbida.

Vale lembrar que a cirurgia bariátrica é liberada para os adolescentes entre 16 e 18 anos, desde que tenham o consentimento da família ou do responsável legal e obedeçam aos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

De acordo com tais critérios só quem pode fazer a cirurgia bariátrica são pessoas com IMC (Índice de massa corpórea) igual ou maior que 40 kg/m² ou igual ou maior que 35 kg/m² desde que apresentem comorbidades como pressão alta, diabetes tipo 2, dislipidemias (colesterol/ triglicérides altas), apneia do sono, doenças ortopédicas, doenças, doença do refluxo gastroesofágico, incontinência urinária, infertilidade entre outras

O tratamento da obesidade infantil envolve vários aspectos, sobretudo o comportamental, com foco em reeducação nutricional, com uma dieta para emagrecer de forma saudável e mudanças no estilo de vida do paciente. Para isso, toda a família deve estar envolvida, pois os pais, antes de mais nada, devem dar o exemplo. 

Referências:

Pesquisa de Orçamentos Familiares – Ministério da Saúde, IBGE; disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv50063.pdf

Childhood obesity linked to quadrupled risk of developing type 2 diabetes; King”s College London, 2017/4/24; disponível em: https://www.kcl.ac.uk/newsevents/news/newsrecords/2017/04-April/Childhood-obesity-linked-to-quadrupled-risk-of-developing-type-2-diabetes.aspx