Pessoas obesas têm maiores chances de ficarem deprimidas em função da baixa autoestima que atrapalha as relações sociais e pessoais. Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association, em janeiro de 2016, a partir da revisão de 68 artigos científicos, revelou que um quarto dos candidatos à cirurgia bariátrica metabólica apresentam algum tipo de distúrbio mental e que esses indivíduos são duas vezes mais acometidos por depressão e pela compulsão alimentar do que a população em geral.
Por isso, o acompanhamento psicológico de candidatos e pacientes bariátricos é primordial no pré e no pós-cirúrgico, e deve ser feita por um profissional experiente e especializado em obesidade e cirurgia bariátrica metabólica. Isso permitirá compreender a história de vida do paciente e o grau de sofrimento que o excesso de peso traz para o seu dia a dia, além de alinhar as expectativas sobre os resultados da cirurgia.
Mas, como saber se você está com depressão?
Os psicólogos do Instituto Garrido dão algumas dicas que podem ajudar você a identificar e, se for o caso, tratar o problema e assim obter melhores resultados da cirurgia bariátrica.
O que é depressão?
Depressão é uma desordem psiquiátrica, que comumente é desencadeada por problemas psicossociais como a perda de uma pessoa querida, do emprego ou o final de uma relação amorosa. No entanto, até um terço dos casos estão associados a condições médicas como câncer, dores crônicas, doença coronariana, diabetes, epilepsia, infecção pelo HIV, doença de Parkinson, derrame cerebral, doenças da tireoide e obesidade. Diversos medicamentos de uso continuado também podem provocar quadros depressivos. Entre eles estão os anti-hipertensivos, as anfetaminas (incluídas em diversas fórmulas para controlar o apetite), os benzodiazepínicos, as drogas para tratamento de gastrites e úlceras (cimetidina e ranitidina), os contraceptivos orais, cocaína, álcool, antiinflamatórios e derivados da cortisona.
Como se diagnostica a depressão?
Para caracterizar o diagnóstico de depressão, foi criada a tabela abaixo (DSM-IV, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4ª edição). Nela, cinco ou mais sintomas relacionados devem estar presentes. Dentre eles, um é obrigatório: estado deprimido ou falta de motivação para as tarefas diárias, há pelo menos duas semanas.
- Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo;
- Anedônia: interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina;
- Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
- Dificuldade de concentração: habilidade freqüentemente diminuída para pensar e concentrar-se;
- Fadiga ou perda de energia;
- Distúrbios do sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
- Problemas psicomotores: agitação ou retardo psicomotor;
- Perda ou ganho significativo de peso, na ausência de regime alimentar;
- Idéias recorrentes de morte ou suicídio.
De acordo com o número de itens respondidos afirmativamente, o estado depressivo pode ser classificado em grupos de maior ou menor gravidade.
Como tratar a depressão?
A maioria dos autores concorda que a psicoterapia pode controlar casos leves ou moderados de depressão. O método oferece a vantagem teórica de não empregar medicamentos e diminuir o risco de recidiva do quadro, desde que a pessoa aprenda a reconhecer e lidar com os problemas que a conduziram a ele. A grande desvantagem, no entanto, está na lentidão e imprevisibilidade da resposta. A psicoterapia não deve ser indicada como tratamento exclusivo nos casos graves. Nesses casos, faz-se necessário o uso de medicação prescrita por médico psiquiatra.
Depressão e cirurgia de obesidade mórbida
Segundo a nova Resolução do CFM 2.131/15, a depressão é uma doença associada à obesidade e constitui em si mesma como um critério de indicação de cirurgia bariátrica. Processos de estigmatização social estão correlacionados ao quadro e fortalece a indicação.
O que não podemos deixar de ter em mente é que de forma alguma perder peso, independente do método, cura a depressão. Ao contrário, quem tem depressão deve buscar um psicólogo e/ou psiquiatra.