TERAPIAS

Entenda o que é a cirurgia bariátrica e metabólica, suas quatro técnicas cirúrgicas mais utilizadas e o tratamento endoscópico por meio do balão intragástrico.

Cirurgia bariátrica e metabólica

O procedimento atua para promover redução do peso intensa e duradoura por diferentes mecanismos:

* Redução da capacidade do estômago – causa a sensação de “estômago cheio”, ou saciedade, com ingestão de menores quantidades de alimento.

* Desvio do intestinal – causa aproveitamento apenas parcial do alimento ingerido ao reduzir sua trajetória no intestino delgado.

* Combinação dos dois mecanismos acima.

São candidatos à cirurgia bariátrica, pessoas com Índice de Massa Corpórea (IMC) superior a 40 kg/m², que tentaram tratamento clínico, bem orientado, e não obtiveram resultado por no mínimo dois anos. Aqueles com IMC entre 35 e 40 kg/m², mas que tenham doença associada à obesidade e que podem melhorar com a perda de peso, também recebem a indicação. Os candidatos devem realizar avaliação clínica e psicológica e participar de, pelo menos, uma reunião de esclarecimentos.

Desvio “bypass” gástrico em Y-de-Roux

Combina a redução do estômago com alguma diminuição da absorção de nutrientes, que resulta de uma mudança no trajeto dos alimentos pelo intestino. Esse desvio também provoca alterações na produção de hormônios produzidos no estômago e no intestino delgado que agem no controle cerebral do apetite. Como resultado, a sensação de fome é bem menor. É a técnica mais utilizada no Brasil e no mundo por sua eficiência, com baixos riscos de complicações graves e inconvenientes aceitáveis. Uma das alterações hormonais influi também na melhor estimulação à produção de insulina pelo pâncreas, beneficiando assim os diabéticos.

Consiste em dividir-se o estômago em duas câmaras: a maior fica em repouso, excluída da trajetória do alimento, e continua a produzir enzimas que auxiliam na digestão. A menor, em continuidade ao esôfago, fica com a capacidade de 20 a 30 ml, e é emendada ao começo do intestino delgado. Depois desta operação, as pessoas comem cerca de 250 ml de alimento em um período de 30 a 40 minutos e ficam satisfeitas.

A perda de peso média é de 30 a 40% em um ano, quando, em geral, se estabiliza. Numa minoria de casos pode haver recuperação do peso perdido após alguns anos ou, ao contrário, desnutrição. Para que isto não ocorra, é muito importante que o operado seja acompanhado por equipe especializada pelo menos de uma a duas vezes por ano.

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Gastrectomia vertical em manga (Sleeve)

O segundo nas preferências de médicos e clientes é a Gastrectomia Vertical em Manga (Sleeve). É uma técnica mais recente, que não altera a absorção dos alimentos ingeridos. Baseia-se apenas na redução da ingestão causada pela retirada de cerca de 80% do estômago. Com isto, além de caber menos alimento, remove-se a área onde é produzido um dos hormônios que agem no centro do apetite no cérebro. Como consequência, a saciedade se dá com menos comida. Sua eficiência aproxima-se da que se tem com o bypass gástrico e seus riscos de complicações graves e consequências indesejáveis são comparáveis.

Consiste na remoção definitiva da maior parte do estômago, permanecendo um tubo vertical de cerca de 200 a 250 ml de capacidade, que vai do esôfago até o início do duodeno. A perda de peso média é de 25 a 30% em um ano. Pode também haver recuperação do peso perdido em longo prazo, bem como complicações crônicas. Por isso, é igualmente necessário o acompanhamento especializado permanente.

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Banda gástrica ajustável

Consiste em instalar uma prótese de silicone inflável na porção superior do estômago, formando um anel de constrição que pode ser ajustado externamente e restringindo a capacidade de receber alimento a cerca de 20 ml de cada vez. O orifício de passagem é ajustado em consultório de forma a permitir ingestão diminuída de alimentos com sensação de saciedade precoce.

A perda de peso média é da ordem de 20%, mas os índices de recuperação de peso em longo prazo são os mais altos da cirurgia bariátrica – 30% dos casos, na nossa experiência. Por isso a técnica é hoje pouco utilizada no Brasil, embora sua execução seja a mais simples.

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Derivações biliopancreáticas: “Duodenal Switch”, “Scopinaro”

Nestas técnicas retira-se apenas cerca de 3/4 do estômago, mas é feito um grande desvio no intestino que diminui bastante a área de absorção.

A perda de peso média é de 35 a 40% em um ano. Entretanto, a possibilidade de complicações nutricionais consequentes da má absorção é considerável. Podem ocorrer diarreias e flatulência de controle difícil e deficiências nutricionais que exigem acompanhamento clínico e laboratorial mais frequente do que nos outros tipos. Por isso são técnicas escolhidas apenas por uma minoria na comunidade de cirurgiões.

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Tratamento sem cirurgia

Além de recursos terapêuticos tradicionais como dietas, exercícios físicos, medicamentos e apoio psicológico, o balão intragástrico é utilizado para complementar o tratamento cirúrgico.

Por meio de endoscopia, o balão é implantado no estômago e preenchido com cerca de meio litro de líquido. Ocupando aproximadamente um terço da capacidade do estômago, não impede completamente a ingestão de alimentos, mas causa saciedade mais precocemente e ajuda o paciente a comer menos.

Nos primeiros dias após a colocação, o paciente pode ter náuseas, cólicas e até vômitos. Em geral, os sintomas são leves e se atenuam com a medicação previamente prescrita. Algumas pessoas podem ter sintomas intensos, que exigem atendimento em serviço de emergência, sob orientação da equipe médica.

A permanência prevista é de até seis meses, após os quais a remoção é feita por endoscopia. Durante esse período, é necessário um acompanhamento com retornos mensais a consultas com o clínico e/ou a nutricionista para que se estabeleça um novo estilo de vida, com alimentação mais adequada e prática de exercícios físicos leves. É esta reeducação que tornará o resultado do tratamento permanente após a remoção do balão. A redução de peso média durante os seis meses de uso da prótese é de 12 a 15%.

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